terça-feira, 15 de maio de 2012

Uma flor nasceu no asfalto

Uma flor nasceu no asfalto E os automóveis passavam Mas quem passava, não via E quem não via, passava Porque se os automóveis passam Mas não enxergam a flor Então aquela rosa É uma flor sem sentido Sem perfume, sem cor Uma flor nasceu no asfalto E num dia de feriado Quando todos estavam em casa Apenas um homem passava E ele viu que a flor estava só E ele viu que a flor era bonita E ele desejou aquela flor E ele quis arrancar a flor do asfalto A flor não saia, estava firme, funda Uma flor nasceu no asfalto E um homem a contemplava E um homem a quis O homem não a teve O homem quis então se vingar E o homem foi tocando na flor E o homem foi agarrando a flor E o homem odiava a flor E a flor tornou-se odiada Uma flor nasceu no asfalto E alguém quis tirá-la de lá Não conseguindo o feito O homem ofendeu a flor O homem despetalou a flor Aquela flor ficou desamparada E ninguém podia socorrê-la Era feriado e melhor seria a flor nua Não ter nascido no meio do asfalto! Damião Araújo.

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